sexta-feira, 14 de novembro de 2014

ESCOLA EUGÊNIO COLHENDO FRUTOS DO SEU TRABALHO

     A Olimpíada de Língua Portuguesa foi criada em 2002 com o objetivo de contribuir para a melhoria da escrita de estudantes de escolas públicas brasileiras. O programa é uma parceria do Ministério da Educação (MEC) e da Fundação Itaú Social que em anos pares realiza um concurso de produção de textos para premiar os melhores trabalhos de alunos de escolas públicas de todo o país.
     O tema do concurso é “O lugar onde vivo” e para escrever os textos, o aluno deve resgatar histórias, estreitar vínculos com a comunidade e aprofundar o conhecimento sobre a realidade, o que contribui para o desenvolvimento de sua cidadania.
      Neste ano a Escola Eugênio Franciosi foi selecionada com o artigo de opinião da aluna Alexandra Caroline Bianchini intitulado "Abandono ou começo?" que passou pelas Etapas Municipal, Estadual e agora segue rumo a mais uma edição da importante prova que testa o conhecimento dos alunos na produção textual e leitura.
     Alexandra Caroline Bianchini tem 15 anos, reside na comunidade de São Roque e estuda no 2º Ano EMP, turma 203. Será acompanhada pela professora Vera Eli Goergen Antoniolli na viagem à capital federal - Brasília para participar da Etapa Regional da Olimpíada nos dias 17 a 19 de novembro.
    O diretor da escola, Luiz Claudio Carlesso, enfatiza que é muito gratificante ver o desenvolvimento dos alunos frente às atividades que são oferecidas. O objetivo da Escola Eugênio é buscar oferecer uma metodologia diferenciada para destacar e promover os alunos com uma educação de qualidade.

Texto da aluna Alexandra
Abandono ou começo?
Desde a Roma Antiga já se vivenciava o deslocamento das pessoas da zona rural em direção às cidades visando melhores condições de vida. Esse processo, conhecido por êxodo rural, não permaneceu no passado, ainda está presente em muitas cidades.
Se olharmos ao nosso redor, veremos que isso também vem ocorrendo em Boqueirão do Leão, talvez pelo fato de ser um município novo e pequeno, predominantemente rural, tendo como base da economia o fumo, que ocupa 3.500 hectares de terra com o cultivo, passam de 52 milhões de pés ao ano, responsável por 45% do ICMS do município, segundo o IBGE 2012.
Analisando a situação de Boqueirão do Leão, dados mostram que 95% dos proprietários detêm 66% da posse das terras, o que leva muitas famílias a arrendar lavouras ou tornarem-se meeiras. O comércio não deixa de ser um empreendimento familiar. Dessa maneira, muitas vezes o futuro dos jovens é, se os pais vivem no meio rural continuar ali, seguindo seus passos ou herdar o estabelecimento da família e passar ao controle. Seria este o X da questão: o município é agrícola, só que parte dos jovens não quer se tornar agricultor e não há muitas opções de trabalho. Assim, a solução mais provável seria a partida rumo às cidades grandes na tentativa de concretizar planos que não seriam possíveis aqui.
E isso vem ocorrendo cada dia mais. Muitos jovens do município estão indo a cidades vizinhas para buscar mais oportunidades, pois se já é difícil começar a carreira de trabalho em grandes centros urbanos, em municípios pequenos a situação é ainda pior.
Os motivos que os levam a seguir esse caminho para longe de casa são muitos. Para os que têm seus pais trabalhando no cultivo do fumo, não veem expectativas, ainda mais com a situação atual, o clima não colabora, causando a sua má qualidade e sua desvalorização pelas empresas fumageiras, além do clichê de dizer que o cultivo é prejudicial à saúde do agricultor e do meio ambiente, devido ao uso de agrotóxicos. Frequentemente fala-se em proibir essa cultura, mas não pensam no que centenas de colonos fariam para sobreviver. Retomando, os filhos são aconselhados pelos pais a não permanecerem nessa lida pela falta de incentivo.
Falta de oportunidade de empregos também é motivo, talvez o principal, pelo fato de não existir grandes empresas que os gerem, pois essas não são atraídas a instalarem-se aqui, porque não há ligação asfáltica. Em segundo lugar, encontram municípios mais bem estruturados e que oferecem incentivos necessários para sua fixação.
Em conversa com amigos, quando falamos de como será nosso futuro, constatei a indecisão na hora de escolher uma profissão, alguns pensam em mudanças, outros estão decididos a fazê-lo, com a visão de que seria o melhor. Não sou contra o lugar onde vivo, pelo contrário, gosto da tranquilidade que ele oferece e torço para o município crescer e tornar referência a nível estadual, quem dera nacional. Contudo, zelo pelo meu futuro, pois breve serei eu diante dessa situação. Preferiria ficar e progredir onde nasci, mas se as condições continuarem as mesmas farei parte da turma com mochila nas costas, pés na estrada e o positivismo para começar em outro lugar. Isso deixará a cidade mais velha, pois com a população envelhecendo, a cidade para de crescer, de se desenvolver e pode acabar desaparecendo.
Entretanto, há pessoas que querem permanecer e evoluir aqui, e há as que enxergam nessa terra um recomeço. É o caso de Cristian Delai, dono da Casa das Frutas, residente em Boqueirão do Leão há cinco anos, instalou-se aqui na expectativa de que seu comércio se firmasse. Hoje, colhe os frutos que plantou ao se aventurar em um lugar novo, dizendo estar satisfeito com os resultados.
Assim, penso que o governo municipal e toda sua gestão devem sim trabalhar como nunca na busca de soluções, que não será fácil nem virá de uma hora para outra, mas quando alcançadas refletirão no progresso da cidade e no desenvolvimento dos Léo-boqueirenses. Enquanto isso não acontece, cabe a cada um decidir seu próprio futuro, seja ele como ou onde for, a exemplo da frase de um livro de Raul Pompéia: “A constância da bússola é uma; temos todos um norte necessário”.


Alexandra, diretor Bidi e profª Débora acompanhados da turma 203

Alexandra e profª Débora junto à faixa enviada pela organização do concurso

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